sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

entre fumaça e cerveja...

A fumaça enovelava-se um instante no seu rosto e dissipava-se lânguida, lenta, no ar barulhento.

“Bem, o que pretende fazer agora?”, perguntou.

“Vou procurar outro emprego, é lógico”, respondi sem pensar muito e tentando entender a necessidade da pergunta. Não posso ficar sem trabalhar.

“Não sou idiota”, retrucou Márcio. “Qualquer um precisa trabalhar. Estou perguntando sobre outros projetos, novas atitudes, novas perspectivas....”

Sorri.

“Ainda não sei. Não tive oportunidade de pensar descansadamente, sem pressão alguma . E aliás, mudar para quê?”

Márcio olhou-me com olhos meio apertados, os beiços molhados de cerveja, a camisa encharcada de suor. A barriga sobressaía-lhe muito, queria arrebentar a roupa num repelão obeso. Barulho por todos os lados, e uma atmosfera pesada. Mal-estar. A fumaça sufocava-me o peito, dava-me vontade de sair dali, trancar-me em casa, ler algo, dormir.

“É preciso mudar”, disse com um timbre agudo. “A mudança é necessária, viver é estar em transformação...”

“Um lugar comum, essa frase”, interrompi aborrecido.

“Não importa, é uma verdade. Você precisa mudar. O que acontece sempre com você? Perde o trabalho, consegue um outro logo em seguida, se tranca na rotina, não vive. É preciso degustar, saborear os prazeres, os sofrimentos, os ódios, os rancores, os amores, enfim, tudo o que se pode e tem direito de viver.”

“Gosto da minha vida”, olhei-o entediado. Não quero conselhos.

“Intratável!”, resmungou.

Gargalhei sem vontade.

“O que diz? Está reclamando do quê? Estou apenas defendendo a minha independência, o meu direito de viver conforme me parecer melhor e mais certo. Livre arbítrio.”

“Acredita estar defendendo sua independência, no seu livre arbítrio?”

“Óbvio.”

“Mesmo com o sistema podre e suicida, mesmo com a manipulação da comunicação e a imparcialidade da imprensa?”

“Sim.”

Márcio calou-se, sondou meus olhos com um movimento lento de cabeça, inclinou-se para mim, estirou o beiço:

“Posso lhe dizer algumas coisas? Posso lhe comunicar alguns pensamentos que cultivo na cachola? Posso?”

“Se não encher o saco além do tolerável, pode.”

Márcio bebeu um copo de cerveja, lambeu o bigode branco que formou-se acima dos seus lábios, expeliu algumas baforadas preliminares, e começou:

“Sabe, fala-se muito de manipulação das pessoas pelos meios de comunicação, de corrupção, de violência, de mudanças sociais necessárias à felicidade do mundo, de Deus e do Diabo. Eu, por mim, acredito que a imprensa e o governo estão mancomunados para nos usurpar a reflexão, a vontade e a inteligência, mas é somente uma opinião de esquerda, como a de tantos outros. Há as opiniões de direita, que dizem exatamente o contrário, mas não se pode ter tudo no mundo, as pessoas não podem mesmo pensar igual. Aliás, não me importo se as pessoas erram quando pensam segundo a direita ou se acertam quando pensam segundo a esquerda. Ou vice-versa, claro, sou democrático! Também há as opiniões de centro, mas não interessam agora. O que interessa é que se fala e pensa de muitas maneiras neste mundo, às vezes com sinceridade, às vezes com maldade. As pessoas sabem do que falam, bem ou mal talvez, mas sabem. Contudo, embora elas conheçam mais ou menos aquilo que consideram ruim, corrupto ou maléfico, pois a maioria realmente diz em público palavras coerentes sobre esses assuntos indigestos, embora haja a consciência, não vejo uma grande iniciativa de mudança nesses homens e mulheres. Não parece paradoxal? Sabe-se o que deve mudar na sociedade, todavia não se mudam ou eliminam os defeitos. Eu, particularmente, vejo apenas a manutenção da ordem, a continuidade da corrupção, das negociatas, da marginalidade, de tudo o que há de ruim ou de bom e que não seja relativo à tecnologia; são poucas as exceções. Acontecem, claro, manifestações, protestos, algazarras, debates, mas a verdade é que não se muda muita coisa nessa confusão toda. A essência permanece igual, o povo continua joguete dos poderosos, o sistema se cristaliza. Há uma consciência da tragédia, entende?, mas não há um esforço maciço que possibilite uma mudança que a suprima, ou por outra, não se coloca em prática o ideal da mudança. Ela fica como uma utopia, mais um dos desejos irrealizáveis do ser humano. Pode-se alegar que a mudança não ocorre porque a burguesia a impede, porque o governo não a estimula, mas pensar assim é tirar de uma mão para pôr na outra. Nunca me conformei com essa questão.”

Calou-se um instante, fez descer pela garganta mais um pouco de cerveja. Distraída, sua mão direita batia o toco de cigarro no cinzeiro. O suor reluzia-lhe o rosto escarlate de eloqüência, os gestos aceleravam-se. Distante, eu ouvia o barulho do bilhar, e a fala dos homens do poker. Que horas seriam?

“Mas a resposta é simples”, retruquei enfadado, “ou a maioria da população não sabe que é manipulada e explorada da maneira como você diz, ou é reacionária.”

Pensativo, sacou um cigarro da carteira, olhando a bunda de uma morena que passava. Continuou, os olhos oblíquos fitos na moça:

Não acredito nisso, amigo. Reacionário? Alguém só é reacionário quando a realidade que enxerga lhe agrada, e duvido que a realidade do nosso belo mundo cor de fumaça agrade ao povo que batalha diariamente por um pedaço de pão e um teto confortável. Ora! Há vivalma que se conforme em levar chibata no lombo a vida inteira? O povo sabe sim que é explorado e enganado, mesmo que seja de uma forma vaga. Sabe. A questão é: por quê?”

“Não sei”, respondi contraindo os lábios. “Masoquismo despretensioso de prazer sexual, talvez.”

“Improvável, improvável. O fato é que o homem não é naturalmente reacionário, há uma série de grandes feitos e mudanças que comprovam a capacidade do ser humano para modelar seu destino.”

Perguntei irônico:

“Não foi você quem disse não ver as transformações acontecerem, ainda há pouco? Como pode dizer que a humanidade tem o poder de mudar se antes não concordava com isso?”

Desviou o olhar da bunda da morena:

“Eu quis dizer outra coisa, você entendeu. Se não houvesse mudança na sociedade, ainda caminharíamos sobre quatro patas e viveríamos nas cavernas. Não se faça de irônico, que aí não há conversa que se sustente. Mas, de qualquer forma, essas minhas idéias são vagas, não exija delas uma responsabilidade excessiva. São inocentes como crianças.”

“Ótimo, continue”, pronunciei satisfeito, contendo-me para não gargalhar da cara atrapalhada de Márcio. O infeliz só soltava a língua quando estava bêbado, embora não demonstrasse que o estava.

“É uma pena que você não escute as coisas a sério. Basta estar aborrecido, e pronto!, despeja azedume por essa boca respingada de cerveja. Mas a verdade é que a fome e a necessidade crua e física forçam a transformação. É um ato automático, natural. Não importa. Eu dizia que nunca me conformara com essa dúvida. Tudo isso é um ponto de interrogação, e eu detesto as interrogações e sua perplexidade. Afinal, se há um espírito empreendedor no bicho-homem, algo que o diferencia dos outros bichos e o faz mudar e evoluir racionalmente, por que uns poucos têm esse sopro, e a maioria não? Não seria mais correto pensarmos que todos o possuem, mas que não o usam? Até aí tudo bem, nada que não tenha sido dito e repetido por toda a terra, em todos os séculos dos séculos. Não é novidade para ninguém. Entretanto, temos novamente a consciência da situação e a conseqüente e inexplicável inércia. Por quê?”

Aspirou o cigarro com força e expeliu demoradamente a névoa cinzenta.

“Então, pensei: definitivamente, existe algo que constrange o ser humano, um quê impeditivo ao empreendimento, à ousadia. Talvez seja a rotina, que atua como uma redoma invisível e exaspera e destrói a criatividade. Marquei esse ponto como fixo: a rotina é uma das responsáveis pela inércia social, mais que toda e qualquer desinformação ou mazela física e moral. A rotina é uma proteção, uma garantia de vida mais ou menos segura, um caminho sem muitas surpresas que pode ser trilhado sem grandes sobressaltos. Nada melhor para quem outrora precisava caçar dia após dia caso quisesse viver, abrigando-se em tocas e tiritando de frio à noite. Percebi isso, perguntei-me: entretanto, esse também é um abismo, uma atitude que embrutece e faz esquecer do papel social a ser desempenhado por cada um, e as pessoas devem saber disso. Por que aceitam esse abismo, se sabem que isso as faz mais egoístas, alienadas e enganadas?”

“Suas idéias só têm porquês”, interrompi, “não têm coisa melhor para me dizer? Por exemplo, um plano sanguinário de lavagem cerebral.”

Preocupado em catar palavras e olhar disfarçadamente as nádegas da morena, não prestou atenção na zombaria. A garrafa só tinha a esmola de algumas gotas de espuma, a carteira de cigarro esgotara-se no ar, estacionada no teto sem ventilador. Eu sentia desejos de xingar todos os bêbados que se acotovelavam no balcão, os jogadores de sinuca, as mulheres de bocas vermelhas que não seriam minhas. Tinha dor de cabeça, um suor viscoso grudava-me as roupas no corpo. Inutilidade escutar aquelas idéias. Teimava ouvi-las, nem sei por que: provavelmente desejava descobrir se continham qualquer coisa que prestasse. Que eram interessantes, eram. Só não eram compatíveis com prosa de bar. Paciência.

“Por que aceitam isso?” , repetiu. “Confesso que fiquei muito tempo refletindo. Esgotei os olhos na penumbra da noite, pensando, pensando... é complicado realmente, e talvez não haja uma solução perfeitamente veraz e indiscutível. Por fim, encontrei uma explicação mais ou menos satisfatória.”

Libou os milímetros de cerveja que ainda restavam no fundo do copo, fez roçar a língua na espuma:

“O sofrimento. A humanidade tem medo do sofrimento. A vida instável, a insegurança, o indevassável futuro, isso tudo faz sofrer. Imagine o fado da vida sem rotina, atormentada pelo sofrimento: não saber como será o amanhã, não possuir garantias de nada, não ter certeza da utilidade da vida, cultivar dúvidas, ter de procurar e na maior parte dos casos inventar respostas... o sofrimento acabrunha o ser humano, amigo. Atrevo-me mesmo a dizer que ele prende-se ao homem como um estigma, um fado, uma sina da qual ele não pode livrar-se. O que faz alguém que, não podendo libertar-se das cadeias, sente necessidade de viver? Procura esquecer-se delas, seja por meio de um deus consolador da incerteza, seja por uma felicidade relativa. Em suma, a solução é a fuga. Por que pensar nas mudanças sociais, no modelar a realidade para que ela seja bela, se para chegar à felicidade social é preciso sofrer de maneira insólita, imprevisível? As pessoas tem medo do sofrimento imprevisível: o sofrimento do cotidiano, esse é contornável, aceitável. O maior medo é o do imprevisível. A estabilidade, o futuro mais ou menos programado, a certeza de uma sociedade que mesmo injusta é tolerável, pois permite mediocremente a sobrevivência e uma remota ascensão, são garantias que cansam, enfadam, mas sustentam, dão forças, estimulam. É medíocre, é torpe, é covarde, mas é uma solução. Aliás, a mediocridade é confortável, já que não espelha a solidão, a qual causa um horror indizível na maioria dos homens deste planeta. “

“Quer dizer que para você o homem é prudente, inerte e lento nas mudanças sociais porque tem medo de sofrer de forma inusitada? É isso?”

“Mais ou menos.”

“Nada mal. É uma teoria.”

“Como qualquer outra.”

“E tem a vantagem de jogar a culpa, como a maioria das outras, para cima de algo abstrato. Interessante.”

“A rotina é criticada, mas permanece, entende? Todos gostam de reclamar da vidinha cotidiana, mas a verdade é que preferem essa solução à instabilidade de uma sociedade em vertiginosa transformação. É preferível o sofrimento conhecido ao desconhecido. É uma garantia, sabe? Para esquivar-se do sofrimento, é admissível até sacrificar a originalidade, a mudança social, pelo futuro programado e a felicidade barata do egocentrismo. É assim que penso.”

“Bom. Mas continuo aborrecido.”

“Então vá, leia alguma coisa, durma, e amanhã continue também você a fugir do sofrimento. Se ainda tivéssemos cerveja, proporia um brinde à rotina. Já estou bêbado mesmo, diabo! Até amanhã. Vá dormir. Eu ficarei por aqui, tentarei a sorte com aquela morena ali. Viu que rabo? Vá dormir, cultive a rotina, fuja do sofrimento. Eu fico por aqui.”

sábado, 15 de dezembro de 2007

Casa Velha

Um ermo. Mato profusamente verde.
Reboco desnudando tijolos encarnados.
Madeira velha enredando cupins.
Telhado escorrendo fiosdelágrimasdetempo
Enlaçando nós-cegos ao céu sempre novo.

As árvores entoando a canção
(fúnebre)
do vento.

Casa- ruína indiferentemente
Sendo.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Caderneta de Telefones

As gavetas cheias de papéis velhos, crônica dos anos. Decido arrumá-los. É uma tarde, feriado. Espalho pelo tapete a infinidade de documentos e começo a olhar um por um, amassando alguns, separando outros. Encontro uma caderneta de telefones velha – muito velha e já inútil - e fico com ela nas mãos, indeciso, olhando para uma pipa recortada contra o céu meio nublado.

Uma caderneta de telefones... uma antiga caderneta de telefones é um opúsculo de promessas que envelheceram. Sonhos perdidos ou eternos. Imagino, e sei. Uma caderneta é a crônica das relações humanas, como por exemplo, Liga pra mim, meu bem, Ligo sim, meu amor, qual é o teu número?; a moça pega a caneta, ou o homem mesmo escreve, Quero muito voltar a te ver, Eu também, mas deixa que eu ligo pra marcarmos algo. Um beijo ardente de paixão é trocado, a caderneta é guardada. Provavelmente o homem ligará, ou não ligará, mas isso é relativo porque a caderneta registrou o resumo da paixão rápida e tresloucada que poderá ou não continuar. Se continuar, será a caderneta a protagonista - Onde está o número da Karlinha?, ah!, achei. Uma caderneta de telefones é o capítulo anterior ligando-se ao seguinte, filtrado pelo presente.

A caderneta é amarelada e triste na minha mão gasta. É miúda, pequena, e está quase completamente cheia de números e símbolos, grande parte ilegível. Folheio-a: nomes apocalípticos e seqüências numéricas agressivas, desconfiadas, sutis. Feições feitas de cinza levantam-se acordadas pelo vento misterioso da caderneta, abrem a boca num bocejo estertoroso (lamentação? raiva? despeito? afeição?) e desmancham-se. Folha por folha.

Uma caderneta de telefone é mais que ela mesma. A caderneta transcende a caderneta. É o testemunho do passado e a agonia do presente. O garoto que conheceu a garota perfeita, a mulher da sua vida, olha a caderneta em que marcou o telefone dela e hesita, Ligo ou não ligo? Ligo ou não ligo? Ou o homem que necessita falar urgentemente com um amigo no seu trabalho e treme de vergonha e timidez ao vislumbrar a seqüência no papel, Diabos, provavelmente não será ele quem atenderá, será outra pessoa, terei de mandar chamá-lo... não é melhor falar pessoalmente? Ou a velha mãe que deseja ligar para o filho e põe os óculos na ponta do nariz e acha o número na caderneta (tem péssima memória) e só então, com o fone na mão e os dedos nas teclas, pensa, E se aquela vadia dissimulada atender, não suporto nem a ouvir a voz dela, que desgraça, meu Deus, como o meu filho pôde cair nas mãos daquela víbora? Ou qualquer outro que olhe aflitivamente para o telefone interrogando a caderneta (não importa se continuando na linha ou desistindo da ligação), todos esses, todos eles, sofrem e penam perante a mudez do pequenino caderno. Expiam o pecado de hesitar.

Caderneta de telefones também é presságio. Continuidade. Uma caderneta pode ser a união tácita e futura de duas almas. O apaixonado solitário, sequioso da amada inconfessa, olha para a caderneta em que tem anotado o telefone dela e pensa, Um dia desses eu ligo, confesso meu amor, e ela entenderá, seremos felizes – essa certeza lhe embriaga o espírito de uma tranqüila certeza, afinal tudo está ali, bem perto, a felicidade está no fone e na caderneta: o rapaz é feliz. Caderneta também pode ser arrufo matrimonial, Quem é essa Rosângela, seu cachorro?, que Rosângela, meu bem?, Essa aqui, tá o número dela na sua caderneta!, ah! É uma amiga, Olha aqui, José, tu não brinca comigo, tu não brinca comigo: te mato e mato a bruaca também. Caderneta também pode ser esperança, liga pro Alberto, liga, quem sabe hoje ele não te empresta o dinheiro pra nossa viagem. Pode ser conjugação de olhares, Você tem o mais belo par de olhos que eu já vi, Muito obrigada, Será que podemos, um dia destes... Claro, claro, com o maior prazer, Então deixa eu marcar o teu telefone... Caderneta pode ser encontro e dúvida, Maria, olha o que eu achei nessa caderneta velha: o telefone do Mário – será que ainda é esse o número?

Eu prefiro caderneta velha. Tem a nostalgia do passado e transmite uma deliciosa indiferença contra o futuro. É um museu não tombado como patrimônio histórico.

O que seria do mundo e do homem sem a caderneta de telefones?, penso eu comovido, ainda com o caderninho na mão gasta. E não sei o que fazer com ele nesta tarde de feriado, observado pela pipa de um céu nublado e inescrutável.

sábado, 8 de dezembro de 2007

"Como a vaga que se retira da praia"...

A areia entregando-se aos pés. O sol branco de tão dourado. As traves longas e o arqueiro impotente postado inacessível ao ângulo. Voam rajadas de areia e o campo é infinito e móvel.

O barro ladeia a cancha. Um terreno obscuro mas largo, eloqüente no sossego fumacento de uma rua do Comasa. Passa a bola, porra! A areia engole pés e os vomita, filtrando pedaços de sola para suas vagas sempre obscuras e renovadas. O jogo é renhido como insônia. Luta espalhafatosa de pernas e braços se golpeando irmãos.

Os uniformes dos times se indistinguem. Estão molhados de areia que o suor procura secar. Pulmões arfantes que perseveram. Entrelaçam-se os gols ao placar, formando números.

A areia espalha-se e retorna em vagas de sol. Dois amantes, sol e areia.

Areia é humanidade se debatendo, correndo, amando, sofrendo, ganhando. Areia é espelho não revelado, ao dispor da poesia.