sábado, 8 de dezembro de 2007

"Como a vaga que se retira da praia"...

A areia entregando-se aos pés. O sol branco de tão dourado. As traves longas e o arqueiro impotente postado inacessível ao ângulo. Voam rajadas de areia e o campo é infinito e móvel.

O barro ladeia a cancha. Um terreno obscuro mas largo, eloqüente no sossego fumacento de uma rua do Comasa. Passa a bola, porra! A areia engole pés e os vomita, filtrando pedaços de sola para suas vagas sempre obscuras e renovadas. O jogo é renhido como insônia. Luta espalhafatosa de pernas e braços se golpeando irmãos.

Os uniformes dos times se indistinguem. Estão molhados de areia que o suor procura secar. Pulmões arfantes que perseveram. Entrelaçam-se os gols ao placar, formando números.

A areia espalha-se e retorna em vagas de sol. Dois amantes, sol e areia.

Areia é humanidade se debatendo, correndo, amando, sofrendo, ganhando. Areia é espelho não revelado, ao dispor da poesia.


Um comentário:

Rubens da Cunha disse...

oi Vanildo,
obrigado pela visita e comentário.
muito bom esse teu texto sobre a areia...
vou pregar esse teu espelho de areia nas paredes da minha casa, que é pra sempre vir aqui me ver nas tuas palavras.

abraços