terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sonho rompido

Ele sentia uma lascívia sinuosa explorar seu corpo a cada carícia ardente. Era com íntima satisfação que via o enlevo de ambos transformar-se em excitação doida, as línguas polivalentes e irrequietas, as mãos passeando no ar à busca de um pedaço de pele a palmilhar, os olhos profundos e amortecidos pelo desejo a contemplarem por um momento o olhar também lânguido do outro, para só então, num segundo expectante, desaparecerem sob as pálpebras que se cerravam ligeiras, num antegozo febril. Misteriosamente, as roupas evaporaram-se, os corpos se tornaram indistintos na confusão de gemidos que enchiam o ar do quarto, e os dois encaminharam-se, os olhos ainda cerrados, para o leito, unidos pela mesma ânsia de se afogarem naquele deleite. O peito expandia-se, a respiração tornava-se um ronco cavernoso que saía ofegante na sua boca expectante...

Perplexamente, a tela apagou-se e o edifício ficou às escuras. Na escuridão que o rodeou subitamente, o silêncio acolheu num ressonar de tristeza a solidão que se fazia impenetrável nas suas mãos apertadas.

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