quarta-feira, 30 de julho de 2008

Um beijo só, só um beijo...

Manhãs devassadas por sóis escarninhos. Três: um no céu, dois nos olhos dela. Escutava-a, vendo suas palavras enlaçarem fios irisados, teia que se emaranhava no seu rosto ávido de garoto. Desejo calado de beijá-la. Um beijo, um beijo só...

Viu-a muitas vezes, não externou nunca o que sentia. Conservou na lembrança uma reminiscência esmaecida das feições dela, os lábios rosados úmidos pedindo um beijo, um beijo só... O tempo chorou anos, e ele, feito homem barbudo - pupilas miúdas- nunca pôde resgatar a lucidez perdida numa madrugada de desespero, em que miavam gatos e a lua ressonava seu ronco de luz... Jaz atualmente num sanatório, fortemente imobilizado, a morder os lábios que não roubaram um só Beijo, um Beijo só...

VANILDO SELHORST DANIELSKI

2 comentários:

Anônimo disse...

Mew,,, que fico a admirar, sempre, as palavras pouco usadas quando, aqui, cabem como um sorriso. Enfim, babados na letra alheia, rs

Abraços e geniais invenções!

Cristiano Nagel disse...

otimo blog otimas palavras... vai firme rapaz.. mas continue a postar.. abraços